Eu
não podia esperar por você pra sempre, né? Eu vou me casar. Ele é bom e me ama
de um jeito doce e sincero. Talvez, me ame até mais do que você. Ele conta
fatos engraçados e me faz rir. Tudo bem que você sabia me fazer rir mesmo sem
dizer nada. Mas ele se esforça para ver a minha felicidade. Ele é fiel e sempre
deixa claro que nunca irá me trair.
Eu odiava a insegurança que sentia
quando você não estava ao meu lado.
Ele não tem medo de gatos como você. E
até propôs que comprássemos um em nossa nova casa. Sim, a gente mora junto. Ele
tem um bom emprego e agora eu trabalho também. Estou naquele hospital que
sempre te falei, mas você nunca lembrava qual. Parecia que não prestava atenção
nas coisas sobre a minha faculdade. Ele não conhece metade das músicas que a
gente cantava juntos. E isso é bom porque em nenhum silêncio de domingo, ele
cantarola algo que me faça lembrar de você.
Eu adorava os nossos domingos.
E devo assumir que ainda sinto a tua
falta. Principalmente nos dias frios. Ou nos dias de sol. Ou nos dias de nada.
Quando eu saio com ele e ficamos até o fim dos eventos, lembro de como eu e
você não conseguíamos ficar tanto tempo em meio ao público. A gente sempre dava
um jeito de voltar correndo para o nosso pequeno sofá-cama. Lembra?
Eu não.
Passaram alguns anos e soube que você
se apaixonou por algumas meninas pelo caminho. Eu estou ficando velha e preciso
criar a minha família. Preciso continuar os meus próprios sonhos – aqueles que
nem lembrava ter antes de você chegar e tornar tudo “nosso”.
Eu não podia esperar por você pra
sempre, droga. Mas eu tentei. Eu quis telefonemas após eu desligar o telefone.
Eu quis visitas após bater a porta na tua cara. Eu quis palavras doces após
xingamentos desnecessários. Eu quis você em tantos caras com cabelo bagunçado
que até perdi a noção dos meus próprios gostos.

Texto- Hugo Rodrigues
Imagem: Daqui